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Andréia Nhur incorpora inúmeras mulheres em solo no Festival de Dança

Andréia Nhur incorpora inúmeras mulheres em solo no Festival de Dança

quinta, 11 de outubro de 2018
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Espetáculo questiona estereótipos e complexidades do gênero feminino

Destaque desta quinta-feira (11) no Festival de Dança, a bailarina-atriz paulista Andréia Nhur incorpora inúmeras mulheres em solo que questiona os estereótipos e complexidades que envolvem o gênero feminino

A atriz-bailarina conta que, num museu, encontra um quadro com uma mulher igualzinha a ela, que olha para um outro quadro, com outra mulher idêntica a ela ad infinitum. Todas as mesmas mulheres, falando outras línguas. Míticas ou verdadeiras, quem saberá? Constituída por pequenos fragmentos narrativos, falados e cantados em diversos idiomas, “Mulher sem fim” suscita olhares, imagens e discussões acerca do gênero feminino como agregado de convenções, memórias e estereótipos. O espetáculo de Andréia Nhur (São Paulo-SP) tangencia um dos principais temas do 16° Festival de Dança de Londrina – o protagonismo feminino – e será apresentado nesta quinta-feira, dia 11, às 20 horas, no Teatro Ouro Verde. Os ingressos custam R$10 e 5 (meia-entrada) e estão disponíveis nos três pontos de venda do evento.

Espetáculo do Festival de Dança de Londrina será estrelado por Andréia Nhur

Foto: Danilo Batista

Neste trabalho, uma performer que se identifica como “mulher” apresenta inúmeras versões de si mesma, transitando entre dança, teatro, música e performance para edificar um corpo constantemente trespassado por ecos de mulheres presentes nas memórias de diversas culturas. Elas vão de Madame Bovary a Lady Macbeth, passa por uma macaca selvagem, atravessa Carmen Miranda e chega até Dadá, a cangaceira.  Traça, assim, uma dramaturgia da transformação corpórea de uma performer desenhando e apagando sua própria condição de gênero, por meio de citações de outras mulheres.

A lógica dramatúrgica utilizada remonta à ideia de narrativa em abismo, cunhada pelo escritor André Gide, e faz referência a uma estrutura composta por outras estruturas de mesma natureza, em espelhamento infinito. Como a forma condensa discursos, não há agenda feminista única que oriente uma mensagem, mas um redemoinho de questões que se colocam em relevo: são feminismos sem fim, como vozes em confusão para marcar presença e re-existência.

Como apontou o crítico Mijail Miranda Zapata, no Jornal Opinión (Bolívia), “Mulher sem fim” recobra a discussão proposta pela filósofa Judith Butler, ao trazer um corpo que se ressignifica a todo o tempo, destituindo os discursos que constituem seus atributos femininos. Para Butler, a lei é incorporada e, como consequência, são produzidos corpos que significam essa lei sobre o corpo e através do corpo. Grosso modo, o apontamento de Butler concebe o corpo como um articulador de performatividade capaz de subverter normas de gênero. Embora não haja um fim, para Zapata, há um esgotamento físico dessa luta performativa que carrega o peso da história e anuncia um chamado coletivo.

“Mulher sem fim” é uma experiência solo de Andréia Nhur, em parceria com os núcleos artísticos Katharsis Teatro e Pró-Posição Dança, sediados na cidade de Sorocaba-SP. O trabalho mostra um recorte da pesquisa da artista junto aos dois coletivos nos últimos 13 anos, investigando forma e sentido como agenciamentos do corpo em estados múltiplos e descontínuos.

Com colaboração da coreógrafa e musicista Janice Vieira, do diretor e iluminador Roberto Gill Camargo e da atriz/fotógrafa Paola Bertolini – todos integrantes dos coletivos Katharsis Teatro e Pró-Posição Dança –, o trabalho traz para a cena uma linguagem que mistura teatro, dança, música, performance e multilinguismo.

Trajetória do espetáculo – Estreado em maio de 2017, “Mulher sem fim” fez curta temporada em São Paulo (TUSP e Mostra Só Solos), abriu a programação do Danzènica- Encuentro Internacional de Danza Contemporánea em La Paz (Bolívia) e figurou na lista do ZESCAR/São Paulo (melhores do ano de 2017 por José Cetra Filho, na categoria de melhor atriz).

Em 2018, o espetáculo foi apresentado no FITAZ-Festival Internacional de Teatro de La Paz (Bolívia), recebendo retorno positivo de público e de crítica. Ainda em 2018, o espetáculo abriu a Mostra Latino-Americana de Dança, no Centro de Referência de Dança, em São Paulo.

A performer – Andréia Nhur é bailarina (Prêmio Denilto Gomes de melhor intérprete 2017), atriz (indicada ao prêmio APCA de melhor atriz em 2015), pesquisadora e professora do Departamento de Artes Cênicas da Universidade de São Paulo (USP). É graduada em dança pela UNICAMP e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, com estágio doutoral no Departamento de Dança da Université Paris 8 (Paris-França, 2011). Sua formação inclui estudos em dança, teatro e música (canto, violão e percussão). Já se apresentou em inúmeros festivais internacionais de dança e teatro no Brasil, em Portugal, na Bélgica, na Bolívia e na Argentina. Foi premiada seis vezes como melhor atriz em festivais nacionais de teatro pela atuação em montagens teatrais junto ao Grupo Katharsis Teatro, sob direção de Roberto Gill Camargo. Desde 2007, é bailarina-criadora do Grupo Pró-Posição Dança, atuando em parceria com Janice Vieira na criação de espetáculos e realização de residências e oficinas.

As últimas obras do grupo demarcaram uma investigação continuada em dança, laureadas com Prêmio APCA de pesquisa em dança – 2013 (Associação Paulista de Críticos de Arte), Prêmio Governador do Estado de São Paulo 2013 e indicação ao Prêmio APCA 2017 (melhor espetáculo). Foi citada na Coluna do Mate (escrita pelo crítico e historiador teatral Alexandre Mate), em especial para o R7, no artigo “Mulheres gigantes do teatro” (2014), como uma das sete mulheres que atuam como artistas e pesquisadoras, ao lado de Beth Lopes, Cibele Forjaz, Maria Thaís, Neyde Veneziano e Lúcia Romano. Em crítica também escrita por Mate, em 2015, foi citada como uma das artistas mais importantes de sua geração.

Fonte: Divulgação

Mais detalhes:

Serviço

Mulher sem fim – Andréia Nhur

(São Paulo-SP)

Dia: 11 de outubro (quinta-feira)

Horário: 20 horas

Local: Teatro Ouro Verde (R. Maranhão, 85)

Duração: 50 minutos

Classificação indicativa: Livre

Ingressos: R$10 e R$5 (meia-entrada)

Pontos de venda: Secretaria da Funcart

Rua Senador Souza Naves, 2380

Fone: (43) 3342-2362

Horário de funcionamento: de segunda a sexta, das 9h30 às 11h30 e das 13 às 19 horas

Loja Shop Ballet

Rua Pio XII, 64 – loja 3

Fone: (43) 3323-4717

Horário de funcionamento: de segunda a sexta, das 9 às 18 horas, e aos sábados, das 9 horas ao meio-dia

Teatro Ouro Verde (bilheteria)

Rua Maranhão, 85

Fone: (43) 3322-6381

Horário de funcionamento: das 16 horas até o início do espetáculo

Ficha Técnica:

Texto, criação e performance: Andréia Nhur

Colaboradores: Janice Vieira, Paola Bertolini e  Roberto Gill Camargo

Iluminação: Roberto Gill Camargo

Produção, fotos e operação de luz: Paola Bertolini

Arte Gráfica: André Bertolini

Informações gerais sobre o Festival de Dança de Londrina 2018:

Mostra local: 6 de outubro de 2018

Mostra oficial: 8 a 14 de outubro de 2018

Programação no site:

www.festivaldedancadelondrina.art.br

Informações: (43) 3342-2362

O Festival de Dança de Londrina tem patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura de Londrina, por meio do PROMIC (Programa Municipal de Incentivo à Cultura). O evento é uma realização da APD (Associação dos Profissionais de Dança de Londrina e Região Norte do Paraná), com apoio institucional da Funcart e da Casa de Cultura da Universidade Estadual de Londrina. Apoios: Pro-Helvetia (Fundação Suíça para a Cultura, apoio outorgado dentro do programa COINCIDÊNCIA – Intercâmbios culturais Suíça e América do Sul);  Loja Shop Ballet; Rádio UEL FM e Portal Duo.