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Londrina homenageia cultura caipira com exposição na Biblioteca Pública

Londrina homenageia cultura caipira com exposição na Biblioteca Pública

quinta, 04 de maio de 2023
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Entrada é gratuita e aberta ao público interessado em conhecer mais sobre a cultura sertaneja e sua importância para o desenvolvimento da sociedade

Para valorizar e reavivar as raízes da cultura caipira no município de Londrina, na manhã desta quarta-feira (3), teve início a exposição “Memórias de uma Londrina Sertaneja”, na Biblioteca Pública Municipal Pedro Viriato Parigot de Souza, que fica na região central. Os interessados em ver de perto diversos itens usados no meio rural e urbano, além de conhecer mais sobre a música e a cultura sertaneja podem visitar a exposição das 8h às 18h, nesta quarta e quinta-feira (4). A entrada é gratuita.

A iniciativa é promovida pela Associação de Arte e Cultura (Corre) e patrocinada pela Prefeitura de Londrina, por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), da Secretaria Municipal de Cultura, com o apoio do Instituto Memória Caipira.

Segundo o curador da exposição, produtor cultural e autor de seis livros, Renne Faria Filho, a intenção é transformar a exposição em um espaço de preservação, valorizando os elementos caipiras e do campo de forma a contar a história para a geração mais nova e, ao mesmo tempo, reavivar as lembranças nos mais velhos.

Para isso, quem visitar a Biblioteca Pública encontrará diversos discos de vinil de músicos sertanejos antigos; como Tonico e Tinoco e Teodoro e Sampaio; livros raros da década de 1920 e 1930, como o “Cornelio Pires Scenas [SIC] e Paisagens da Minha Terra (Musa Caipira)” de Monteiro Lobato e Cia e o primeiro livro da Cultura Caipira do Brasil; além de uma vitrola, um gramofone, gravador, fitas K7, berrante de cinco chifres, caleidoscópio, bola de capotão antiga, uma escrivaninha, penteadeira, porteira e carro de boi feitos em madeira; fotografia de 1929 registrando o início da música caipira brasileira, um tripé e itens da cultura cafeeira.

“A ideia foi valorizar isso para que a gente pudesse fazer uma exposição caipira com os elementos da roça, dando vida a esses elementos. Eu tentei, durante todos esses anos de resgate, fortificar a memória caipira brasileira e também o meu passado e minha infância no meio rural. Tentei transformar aquilo que era e o que eu gostava em uma exposição, que é meu trabalho hoje. É um resgate e uma retomada para que os jovens possam conhecer, porque tudo que se vê hoje é graças aos nossos tios, avós e bisavós, a essa construção da sociedade”, acredita o curador da exposição.

Todos os itens trazidos são da coleção pessoal de Faria Filho, que atualmente tem 4.000 discos de vinil, 1.200 fitas K7, 3.000 periódicos, quatro vitrolas, cinco radiolas, quatro gramofones, máquina de costura à manivela, moedor de café à manivela, lampião, lamparina, armários antigos, máquina de lavar de madeira, publicações sobre a música sertaneja desde 1953 no jornal Folha de Londrina, a primeira Revista da Cultura de 1926, a Revista Sertaneja de 1929, a Coleção da Revista Sertaneja da década de 1950, além de artefatos da cultura cafeeira.

Segundo o secretário municipal de Cultura, Bernardo Pelegrini, a Secretaria de Cultura tem uma preocupação fundamental com a preservação da memória e busca incentivar isso através dos programas culturais, como é o caso do Promic. “Londrina é uma cidade estruturalmente agrícola. As pessoas que vieram para cá, em sua grande maioria, eram camponeses e lavradores em seus estados de origem. Temos mais de 40 etnias, mas a maioria é brasileiro. Então, essa mistura ficou muito marcante no norte do Paraná. Nós do Município orientamos para onde ir em defesa do interesse público, por isso é muita alegria o fato de que a gente consiga ter um trabalho consistente com o acervo do Renne, que é um apaixonado pelo sertanejo, autor de muitos livros e biografias e uma referência nacional na área dele. O mais bacana é que a exposição agora é na Biblioteca Pública, no centro da cidade, permitindo que as crianças e adultos entrem em contato com esse mundo e que os idosos tenham esse momento de nostalgia”, afirmou o secretário de cultura.

Pelegrini também contou que a indústria moderna sertaneja do Brasil nasceu no norte do Paraná, por conta do desenvolvimento das tecnologias das emissoras. “Tinha uma emissora de rádio em cada cidade, onde os artistas vinham e faziam as divulgações de seus discos. E também havia os horários nas emissoras de rádio que eram reservados para vendedores, por isso que eles faziam programas de rádio e levavam coisas para vender. No norte do Paraná, o rádio teve uma importância enorme, assim como a cultura caipira e aqui está retratado um pedaço dessa cultura”, contou.

A diretora de bibliotecas públicas da Secretaria de Cultura, Leda Maria Araújo, explicou que todos os meses a pasta busca apresentar exposições com as mais diversas linguagens artísticas, como a arte, fotografia, a pintura, escultura, poesia, música, além dos livros e da literatura. “É a primeira vez que a Biblioteca Pública recebe essa exposição e nós nos sentimos muito lisonjeados, porque acabamos de fazer uma sala afro, uma indígena e agora temos uma exposição sobre uma memória da Londrina Sertaneja. Londrina se desenvolveu em torno da cultura cafeeira e tem uma origem rural, apesar de que hoje, com as transformações e mudanças da sociedade, a gente tem outro viés, mas o agronegócio ainda é muito forte, mas o fato de estarmos relembrando na memória das pessoas o passado e a história, tudo isso é conteúdo e conhecimento gerado por meio da música, da leitura e dos objetos”, disse Araújo.

Sobre isso, a visitante da exposição e psicóloga do Instituto Roberto Miranda, Tainá Bittencourt Gondim, falou que os objetos expostos trouxeram a ela as lembranças das histórias que sua mãe contava quando ela era mais nova. “Primeiramente, ao entrar, já me chamou a atenção os instrumentos, os discos, as coisas que eu conheci na minha infância e as coisas que minha mãe citava e que eu não havia visto ainda, como as revistas de música da época, os discos de cantores antigos e aquele instrumento de som, que o som só sai na caixa mas ele tem um amplificador grandão, o gramofone. Isso me trouxe à memória da minha mãe e as músicas, sem comentários, a música toca a alma e isso é muito gostoso”, contou Gondim.

Durante a manhã, a exposição recebeu a visita dos alunos e pacientes do Instituto Roberto Miranda. À tarde, mais 50 pessoas devem visitar a exposição. Além deles, devem apreciar os itens do campo e da cultura sertaneja os atendidos pela Instituição de Educação de Surdos (ILES), pela APAE de Londrina e o público em geral.

A coordenadora da exposição e da Associação Corre, Rose Andreia Castanho, explicou que o projeto “Memórias de uma Londrina Sertaneja”, aprovado pelo Promic, já passou por cinco escolas municipais e atendeu cerca de 4 mil alunos, professores e pais e responsáveis pelas crianças. Além disso, neste mês de maio serão atendidas mais três escolas municipais. “Nós vivemos em um tempo muito tecnológico e acho que, mais que nunca, há essa importância de reavivar as memórias históricas e as memórias afetivas, para que a cultura não seja perdida. O novo é muito importante, porém não podemos esquecer de onde as nossas raízes vieram e as nossas origens”, salientou Castanho.

O projeto encerra-se em junho, mas os proponentes já se inscreveram no edital do Promic deste ano, para dar continuidade aos trabalhos. Para a abertura dos trabalhos houve a apresentação ao vivo de música caipira de viola e a roda de conversa Memórias de uma Londrina Sertaneja. Às 14h, desta quarta, também haverá música ao vivo e, após, a visitação monitorada aberta ao público.

Amanhã (4), das 9h às 11h, terá a visitação monitorada aberta ao público, das 12h às 13h, apresentação de música caipira ao vivo; das 14h às 17h, visitação guiada e às 17h o encerramento com apresentação musical. Quem quiser saber mais sobre o assunto pode acessar o site www.corre.org.br ou o Instagram do projeto (@exposicaolondrinasertaneja), assim como a página no Facebook (https://www.facebook.com/correcultura/).

Fonte: N.Com