Cineclube da Vila Cultural Alma Brasil exibe “Terra em Transe”
A exibição encerra o ciclo de quatro sessões dedicadas ao Cinema Novo, concluindo a primeira...
Dia desses assisti um vídeo de animação bastante curioso, cujo título era “Marias”. Com imagens e conteúdo muito bem elaborados, o vídeo retratava a história da saga das Marias de várias gerações de uma mesma família da região do agreste Nordestino.
A cena inicial é de uma menina escrevendo seu nome inúmeras vezes em um caderno, com um ar de satisfação pela façanha realizada. Repentinamente, a mãe gritou seu nome, dizendo que ela deveria fazer alguma coisa útil, pois, havia muito serviço a ser feito, como limpar o quintal ou tratar dos animais.
Essa menina transformou-se em uma mulher com um bebê no ventre, carregando uma lata d’ água na cabeça, presa à rotina doméstica. E assim, com a chegada dos filhos, a história se repetia. Sua filha primogênita, em seu quarto, encantada com a magia da palavra escrita, escrevia com orgulho o seu próprio nome em um caderno. Sua mãe quebrou o encanto do momento, gritando: “Menina vai fazer uma coisa mais útil nessa vida…”.
E assim, o vídeo mostrou a forte influência dos valores e crenças daquela família sobre suas Marias. Eram muitas, Maria Imaculada, Maria Aparecida, Maria das Dores, Maria de Lourdes e daí por diante… Dessa forma elas perpetuaram as suas histórias.
Marias, que tinham uma identidade comprometida pela força da palavra que as impedia em serem autoras de suas próprias vidas. Marias em vidas desnudadas pelas desventuras de seus antepassados. Marias, cujas existências estavam marcadas pela sobrevivência e dor.
O que poderia ser mais doloroso do que não escrever com orgulho o próprio nome? Há muitos tipos de dores por aí, e essa me parece singularmente cruel.
A revolução feminina transformou muito a vida das Marias de hoje, mas ainda encontramos muitas delas a mercê da sombra das histórias dos seus antecessores. Repetindo os seus velhos rituais, reproduzindo suas histórias com faces ocultas de si mesmas.
Marias, aqui apresento a minha sugestão: Escrevam os seus nomes com batom no espelho de suas casas. Vejam as suas imagens refletidas e autografadas como um tributo à vida. E, então recitem em voz alta:
“Ave Maria cheia de graça…”
MC Consalter – Psicóloga Organizacional e Coach
Certificada em coaching pelo ICI (2013)
Acesse para saber mais:
http://mcconsalter.wordpress.com/