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FILO 2016 – Geografia da fome num mangue pop

FILO 2016 – Geografia da fome num mangue pop

terça, 06 de setembro de 2016
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O premiado “Caranguejo Overdrive” chega a Londrina para três apresentações no FILO nesta terça e quarta-feira (dias 6 e 7)

“Caranguejo Overdrive”, premiado espetáculo que Aquela Companhia de Teatro (RJ) apresenta nesta terça e quarta-feira (dias 6 e 7 de setembro) no Festival Internacional de Londrina – FILO, conta a história de Cosme, ex-catador de caranguejos no mangue carioca da metade do século XIX. Ganhadora do Prêmio Shell (nas categorias melhor autor/Pedro Kosovski, diretor/Marco André Nunes e atriz/Carolina Virguez), a montagem tem três apresentações programadas na Divisão de Artes Cênicas da Casa de Cultura da UEL.

Convocado para integrar as forças brasileiras na Guerra do Paraguai, Cosme enlouquece no campo de batalha, volta ao Rio de Janeiro e encontra uma cidade em grande transformação. Mergulhado na guerra, ele sofre um colapso. De volta à cidade onde nasceu, encontra um Rio de Janeiro em convulsões urbanísticas – uma cidade, para ele, irreconhecível e com sabor de exílio.

Em seu retorno, o ex-combatente procura o Mangue – a parte da cidade então chamada Rocio Pequeno, hoje a Praça 11 – e se emprega na construção do canal que representou a primeira grande obra de saneamento do Rio. Mais uma vez é presa de uma crise – abandona tudo, vaga pela noite, mergulha no delírio. Apanhado por uma tempestade dessas tão conhecidas dos cariocas, ele se torna enfim um caranguejo.

Em “Caranguejo Overdrive”, o geógrafo pernambucano Josué de Castro e seu clássico “Geografia da Fome” alimentam a interface com outro momento brasileiro singular, o movimento Manguebeat de Chico Science e sua fusão de música eletrônica e tambores de maracatu. A música em cena compõe a performance, com Felipe Storino (guitarra e direção musical) à frente. São todas canções/trilhas originais, dialogando com a performance dos atores. “É uma dramaturgia musical no atravessamento entre teatro e música”, define Pedro Kosovski, autor do texto. “Construímos o espetáculo através de um processo aberto, que se renova a cada ensaio, onde atores e músicos são também criadores”, diz Marco André, o diretor.

As relações entre teatro e literatura marcam Aquela Cia. desde “Projeto K.”, primeira montagem do grupo em 2005, a partir da vida e obra de Franz Kafka. Nesses anos de trabalho, a companhia dialogou com Goethe e seu Jovem Werther, com Herman Hesse e seu O Lobo da Estepe, com James Joyce e seu Retrato do Artista Enquanto Jovem – entre outros.

Essa abordagem contemporânea dos clássicos levou ao diálogo com a cultura pop. Em montagens como “Outside” e “Cara de Cavalo”, Aquela Cia. traz à ribalta música e espetacularidade em abordagens originais e surpreendentes para obras de David Bowie e Hélio Oiticica. Em “Edypop”, Édipo, o mais pop dos heróis gregos se encontra com John Lennon, o mais trágico dos artistas pop.

Ficha técnica:

Direção: Marco André Nunes | Texto: Pedro Kosovski | Com Carol Virguez, Eduardo Speroni, Matheus Correia, Felippe Marques, Alex Nader, Felipe Storino, Mauricio Chiari, Samuel Vieira, Pedro Araujo | Produção: Núcleo Corpo Rastreado.

Fonte: Divulgação