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O bom é inimigo do ótimo

O bom é inimigo do ótimo

sexta, 05 de abril de 2013
Categoria: noticia

Você já deve ter escutado alguém
dizer: o ótimo é inimigo do bom. Eu mesmo utilizei esta expressão várias vezes
para lembrar que o perfeccionismo pode levar alguém a procrastinar aquilo que
precisa ser feito só porque ainda não conseguiu atingir o nível de performance
que estabeleceu para si. Ou pior ainda, conduzi-lo a um estado de paralisia por
focar os esforços em coisas sem importância. Mas, como a vida é cheia de
dilemas, num rápido jogo de palavras, também é coerente afirmar: o bom é
inimigo do ótimo.

O consultor americano Jim
Collins, em sua obra Empresas Feitas para Vencer, lembra: “Não temos ótimas
escolas, principalmente porque temos boas escolas. Poucas pessoas levam vidas
ótimas, em grande parte porque é fácil construir uma vida boa… E a grande maioria
das empresas jamais se torna excelente só porque já é bastante boa – e é este
seu principal problema”.

Quando alguém se satisfaz com a
situação razoável que vive – seja no trabalho ou em qualquer outro campo da sua
existência – um quadro de acomodação se instala ao redor convidando-o à
mediocridade e retira qualquer chance de que esta pessoa alcance a excelência.
Chamo isto de “espírito maomeno”. Nem ótimo, nem ruim, simplesmente mais ou
menos. Como é caso daqueles alunos que podem tirar nota dez graças ao seu
potencial, mas pensam: “Sete já dá para passar. Então, pra quê ralar mais?”.

Aliás, a ambição é fator-chave
para quem alcança o ápice em qualquer campo de atuação. Você não comete heresia
alguma quando afirma ter objetivos audaciosos e luta por eles. Pelo contrário.
Só não confunda ganância com ambição, pois enquanto esta o faz superar seus
limites com determinação, aquela o leva a querer tudo para si.

Também cabe destacar que cada vez
mais pessoas com potencial de sobra acabam ficando pelo caminho por se tornarem
arrogantes e egocêntricas. Ou seja, gente que vê suas pequenas vitórias
iniciais como épicas e cuja vaidade lhes impede de continuarem a aprender. A
síndrome do “esse cara sou eu”.

E não pense que estou me
referindo apenas àqueles que ocupam cargos de gestão. Como muitos bons
trabalhadores passaram a receber assédio de outras empresas, é comum que
conservem baixos temores em relação ao futuro, sejam tentados a reproduzir mais
do mesmo e ainda se mantenham pouco receptivos a cobranças. É por isto que
ninguém mais se surpreende com a diarista doméstica que diz: “Dona, se não
estiver gostando, pode me mandar embora”.

Quando este tipo de pensamento se
torna coletivo adquire um nome – pacto de mediocridade – e não pense que tal
fenômeno se instala em grupos que deliberadamente escolhem cumprir as
responsabilidades de modo superficial. Nós o plantamos nas organizações ao
concordarmos que as pessoas façam seu trabalho pela metade e fingirmos que nada
está acontecendo ou que é aceitável tirar um sete.

Em mercados nos quais não há
concorrentes de peso também é possível que uma companhia com atributos de
excelência possa se acomodar, tornando-se medíocre com o passar do tempo. É o
caso de quem deixa de lançar novos produtos no mercado por saber que os outros
igualmente não inovarão nos próximos meses, daí aparece um competidor de classe
mundial e fim da história. Logo, é muito melhor atuar em mercados com players
de valor, afinal eles fazem a sua empresa evoluir forçosamente.

Concordo que temos de celebrar
cada conquista obtida, mas não é saudável deixar que a acomodação e o
sentimento de dever cumprido se instalem no início ou meio de uma longa
caminhada. As pessoas e empresas ótimas só alcançam o patamar de excelência
porque conseguem se manter insatisfeitas e crentes de que ainda podem fazer
muito melhor, mesmo quando atingem o cume desejado. Se não fosse assim, ainda
estaríamos andando de charrete, comunicando via telex e utilizando o
mimeógrafo.