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Desde que concluiu o Doutorado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2017, onde vivenciou uma imersão no universo da Commedia dell’Arte, o objetivo da professora Adriane Maciel Gomes (Departamento de Música e Teatro) era expandir os estudos acerca do gênero cômico junto aos estudantes de Artes Cênicas da UEL. Ainda no mesmo ano, os anseios da professora ganharam forma com a criação do projeto de pesquisa em ensino “O jogo, a improvisação e a máscara na criação dos tipos cômicos”, que visa desenvolver processos criativos para o estudo aprofundado dos tipos cômicos existentes. O projeto em andamento é desdobramento de outros projetos coordenados pela professora Adriane, precursora dos estudos sobre o tema na UEL.
A professora explica que a incorporação de máscaras teatrais na elaboração dos tipos cômicos foi um processo inspirado nas aulas que teve durante o Doutorado com o escultor Donato Sartori, cuja metodologia de confecção de máscaras de couro, utilizada pela Commedia dell’Arte, é considerada referência mundial. A máscara possibilita a expansão do corpo, fazendo que a encenação não fique centrada apenas na palavra. Já o jogo e a improvisação são recursos fundamentais para o acontecimento teatral, de modo que todo processo de criação do teatro vai passar pelo jogo e pela improvisação”, pontua.
A Commedia dell’Arte – comédia italiana caracterizada por ser popular e improvisada – é considerada a base do teatro contemporâneo. Este gênero teatral surgiu no final do século XV e permaneceu até o final do século XVIII, desenvolvendo tipos sociais fixos através de máscaras. “Tipos porque eles não têm elaboração de um perfil psicológico”, enfatiza. Conforme a professora Adriane, os tipos cômicos na Commedia dell’Arte são carregados de signos, como as cores das indumentárias, as características das máscaras e a movimentação dos artistas, que remetem ao personagem interpretado, isto é, a identificação é imediata.
Um dos tipos cômicos citados pela pesquisadora é o Bufão, figura ligada à classe paupérrima que amplia tudo que a sociedade sufoca e limita. “Os bufões hoje seriam todos os grupos que vivem à margem da sociedade”, acrescenta. Já o palhaço é o tipo cômico mais próximo das pessoas. Segundo Adriane, o fato é que abriram mais as portas para o palhaço, uma vez que ele atua em hospitais, festas, entre tantos outros lugares. Ainda conforme a professora, é essencial compreender que o cômico sempre será crítico e político o tempo inteiro, características que o tornam libertador. “O espetáculo cômico nos faz rir justamente porque trata de coisas que a sociedade não toca no assunto. O cômico amplia nossa vida regrada por padrões”, diz.
FORMAÇÃO
Desde que o projeto de ensino começou a funcionar no Departamento de Música e Teatro, muitos estudantes do curso de Artes Cênicas já passaram por ele. Atualmente são cerca de 30 estudantes envolvidos que têm a oportunidade de ampliar os conhecimentos teatrais adquiridos nas disciplinas de graduação. Uma das principais vantagens é a promoção de atividades que levam em conta as escolhas dos integrantes. “Os estudantes ficam porque querem [portas abertas], e eu espero que eles possam ir e vir. Em tempos brutos como esse é importante saber que nossas escolhas não precisam ser uma obrigação, mas que elas podem nos dar prazer. Isso não impede que o projeto resulte em trabalhos de conclusão de curso e artigos acadêmicos”, ressalta a coordenadora.
A participação em eventos através da promoção de oficinas é uma das principais atividades realizadas pelo grupo. Entre eles estão o Festival Peroba Rosa, evento que possibilita a integração cultural de Londrina por meio da ocupação de espaços públicos, e o Pró-Ensino: Mostra Anual de Atividades de Ensino, realizado pela Pró-reitoria de Graduação da UEL. De acordo com Adriane, os estudantes já estão no projeto desde o primeiro ano de graduação e, portanto, têm conhecimentos teóricos e práticos que merecem ser compartilhados. Mesmo após o término do projeto, previsto para setembro deste ano, o objetivo é continuar estudando as frentes do cômico através da criação de um novo projeto ligado ao Departamento. Para conhecer mais o trabalho realizado pelo projeto, basta acessar as redes sociais @tiposcomicosuel.
*Natanael Pereira / Estagiário de Jornalismo na COM
Fonte: Agência UEL de notícias