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Foque o Desvio Positivo

Foque o Desvio Positivo

sexta, 01 de fevereiro de 2013
Categoria: noticia

Em 1990 um estudo sobre o alto
grau de desnutrição de crianças vietnamitas realizado em diferentes lugarejos
apontava que em algumas poucas famílias de cada comunidade todos os filhos eram
extremamente sadios, mesmo vivendo numa realidade igual àquela de seus
semelhantes.

Percebendo isto, o professor
Marian Zeitlin, responsável pelas pesquisas, sugeriu uma abordagem totalmente
inovadora à sua equipe. Em vez de analisar os problemas que estavam causando
desnutrição na imensa maioria das crianças e depois indicar soluções
convencionais para resolvê-los, todos deveriam observar de perto a realidade
destas famílias nas quais as crianças cresciam sadias a fim de aprender o que
elas faziam e dava muito certo. Ou seja, precisariam descobrir os porquês das
exceções bem-sucedidas.

Para se ter uma ideia, numa
determinada vila identificaram que as mães que orientavam os filhos a lavarem
as mãos antes das refeições e evitavam que estes dormissem no chão frio
possuíam um desenvolvimento muito superior às demais. Parece óbvio, mas não
eram estas as soluções que vinham à cabeça dos especialistas até então e
tampouco resolveria o quadro caótico de outras comunidades; contudo, fazia uma
diferença enorme naquele lugar.

Este fenômeno foi chamado de
Desvio Positivo, que se resume no princípio de não concentrar os esforços
naquilo que acontece de errado em determinada situação e sim analisar o
comportamento bom e exemplar que difere da maioria. Portanto, parte do
pressuposto de que a solução está dentro do próprio grupo, afinal ninguém é
mais especialista do que ele mesmo para resolver seus problemas.

O mais interessante desta
abordagem é que as respostas encontradas são provas sociais e não saídas
hipotéticas trazidas de fora da realidade em questão. Promove-se a mudança via
reprodução e adaptação daquilo que já vem dando certo.

O casal Monique e Jerry Sternin,
autores do livro “O Poder do Desvio Positivo” (Ed. Bookman), é um dos grandes
expoentes mundiais do método. Eles o aplicaram em comunidades de 41 países nos
últimos anos e a desnutrição infantil reduziu de 30 a 50% em cada uma delas.
Utilizado também em hospitais norte-americanos, ajudou a diminuir de 30 a 60%
as transmissões de bactérias que causavam diversas infecções. E estes são
apenas alguns dos casos de sucesso.

Todavia, os Sternin tiveram que
lidar com algumas resistências iniciais até entenderem que não bastava
indicarem às pessoas o que precisava ser feito, era imprescindível
engajarem-nas profundamente para que adotassem as recomendações. O próprio
Jerry diz: “Percebemos que os fracassos ocorriam quando agíamos baseados na
premissa de que uma vez que as pessoas ‘soubessem’ alguma coisa esse
conhecimento as levaria a fazer algo”.

Dentro do mundo corporativo o
conceito também é aplicável. Se você quer orientar a sua carreira por este
paradigma, por exemplo, comece a observar atentamente quais são os seus pontos
fortes e invista cada vez mais energia para que eles propiciem resultados
expressivos visíveis. Quem fica exageradamente focado em melhorar os pontos
fracos acaba não sendo ótimo em nada, ainda que tenhamos de concordar que não é
possível negligenciá-los.

Ao mesmo tempo, imagine uma
equipe com dez vendedores. Destes, apenas dois conseguem números significativos
constantemente, enquanto que os outros oito oscilam e produzem bem menos. Se
você é gestor deste time, observe e identifique as boas práticas e
comportamentos apresentados pelos dois desviantes positivos e depois encontre
uma forma de treinar e engajar os demais vendedores a empregarem aquilo que
funciona de verdade.

O Desvio Positivo nos convida a
analisar as dificuldades utilizando novos óculos, no entanto para isto
precisamos ter o genuíno interesse de descobrir exceções ao pensamento e à
prática convencionais.